A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, disse nesta sexta-feira (19) que pedirá ao ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), acesso aos depoimentos prestados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em um acordo de delação premiada. A presidente afirmou que quer saber se há alguém do governo envolvido em suposto caso de corrupção na estatal.
Nesta quinta-feira (19), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acesso ao conteúdo dos depoimentos prestados por Costa a policiais federais e procuradores alegando sigilos das informações. Cardozo havia feito a solicitação por ordem de Dilma.
Costa firmou com o Ministério Público do Paraná e com a Justiça Federal um acordo de delação premiada pelo qual teria apontado deputados, senadores, governadores e um ministro como beneficiários de um esquema de pagamento de propina com dinheiro de contratos da Petrobras. Ele foi preso em março durante a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Se confirmadas as informações que der a policiais e procuradores com base na delação premiada, o ex-diretor poderá ter a pena reduzida.
Dilma disse que não poderá tomar providências enquanto não tiver conhecimento dos fatos por meio de um órgão oficial de investigação, Polícia Federal, Ministério Público Federal ou Judiciário. O conteúdo parcial dos depoimentos de Costa foram divulgados até o momento apenas pela imprensa. “Sou presidenta da República e não tomo medidas baseada no disse- que-disse”, afirmou a presidente durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada.
“Quero ser informada se no governo tem alguém envolvido. Eu não tenho por que dizer: ‘tem alguém envolvido’, porque não reconheço em nenhum órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário. Não é função da imprensa fazer investigação”, afirmou. “Eu queria saber sim [se há alguém do governo envolvido], para eu tomar providência”, reiterou Dilma.
A candidata ainda defendeu as investigações feitas pela Polícia Federal, que, segundo ela, tem “autonomia”. Disse ainda que não se pode “colocar nada para baixo do tapete”. “O maior mal atual é a impunidade”, declarou.
Questionada por jornalistas sobre a notícia divulgada pelo Jornal Nacional de que Paulo Roberto Costa contou a investigadores que recebeu R$ 1,5 milhão de propina de um esquema de corrupção relacionado à compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, Dilma voltou a dizer que não comentaria informações originadas na imprensa. “Se você me disser para quem ele disse, onde disse e quando disse, eu respondo. Caso contrário [não]”.
Pesquisa eleitoral
Questionada sobre o resultado da última pesquisa (*) de intenção de voto divulgada nesta sexta-feira (19), a candidata do PT limitou-se a dizer que pesquisas eleitorais são “retratos do momento”.
A pesquisa Datafolha apontou Dilma com 37% das intenções de voto. Marina Silva aparece com 30% e Aécio Neves, com 17%.
Dilma ainda fez uma ironia com quedas na Bolsa de Valores que coincidem com a subida dela em pesquisas eleitorais.
“Eu acho ótima a reação da Bolsa. Quando a Bolsa cai eu falo: ‘será que eu subi?’”, afirmou em tom de ironia. “Está ficando ridículo isso. Especulação tem limite, tá? Especulação tem limite e acho que tem gente ganhando com isso. Eu não sou. Eu perco, tá? Eu acho desagradável o fato de achar que uma coisa está vinculada a outra, quando sobe ou quando desce”, declarou durante a entrevista.
Nesta sexta-feira, após divulgação da pesquisa Datafolha, o Ibovespa caía 1,08%, às 13h50.
(*)O Datafolha ouviu 5.340 eleitores em 265 municípios nos dias 17 e 18 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, se forem realizados 100 levantamentos, em 95 deles os resultados estariam dentro da margem de erro de dois pontos prevista. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00665/2014.
Do G1, Brasília